quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Apenas viva!

Saio pela porta, e logo me deparo com a tristeza, com a solidão. A chuva vai caindo lentamente sobre cada parte do meu corpo, confundindo-se com as lágrimas que insistem em cair do meu rosto. Os problemas fervem na minha cabeça, são tantos. Sigo caminhando, sem saber aonde vou. Só sei que tenho que andar, buscar algum lugar, alguém. Hoje ninguém mais é 100% confiável. A chuva vai só aumentando, assim como os problemas. Você vai chegando ao final da rua e ainda não conseguiu se libertar de toda a pressão que está sobre suas costas. São seus pais que exigem demais de você, as pessoas que você considerava como amigos que traem sua confiança. Tudo dá errado. Todos são errados. Pra onde correr? Pra onde fugir? A rua está acabando, o tempo está correndo, ele urge. E você continua aí, sem ter a mínima idéia do que fazer, e de que como fazer. Só sabe que tem de fazer algo, seja o que for. Mas é difícil, não ter em quem se apoiar, não ter em quem confiar. As ruas começam a ficar alagadas, a pequena chuva agora já se tornara uma tempestade, assim como o seu problema se tornou uma barreira que você não consegue ultrapassar sozinho. Mas você está sozinho, mais uma vez na sua vida. Só lhe resta esperar que a calmaria chegue, e que os problemas acabem. Mas não é tão fácil assim. Não é assim! A medida que você anda, a chuva aumenta, e você reza pra que ela não pare, reza pra ela alage a cidade e te leve. Leve pra um lugar, pra qualquer lugar, onde você esqueça dos seus problemas, esqueça de você mesmo. Apenas viva!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sonho

O calor invade o corpo de uma forma tão ímpar que a respiração chega a falhar. As sensações são tão avassaladoras e tão pessoais que descrevê-las seria uma heresia da minha parte. O contato entre os corpos parece fazer acontecer uma fusão, dois corpos apaixonados se unem em um só formando um ser superior, único. A adrenalina dispara à uma veocidade incalculável, e o prazer daquele momento vai te consumindo. O tocar dos lábios é intenso, semelhante à um vulcão no processo de erupção. A cabeça se esvazia, não há pensamentos que possam te consumir naquele momento. Você não tem outra alternativa a não ser contemplar. E, depois de breves segundos, aquele momento que parecia ser infinito, acaba. E você acorda e vê que tudo não passou de um mero sonho.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Lembranças

Certo dia estava sentado no jardim, olhando as crianças brincando ao pôr-do-sol, intocáveis com a sua alegria, quando subtamente me peguei num emaranhado de pensamentos e lembranças. Começei a me lembrar da minha infância, quando tudo parecia tão mais fácil, tão mais acessível. As preocupações não existiam, tudo era mera diversão. Lembrei-me do tempo em que eu era realmente feliz. Em meio à esses pensamentos senti que meu sangue pulsara em minhas veias como nunca pulsara antes. Um estado de conforto se instalou em mim. Meus sentidos se aguçaram de uma forma que chegou a me pertubar. O cantarolar dos pássaros ecoava em minha cabeça, o contato com a grama, com a terra parecia fazer parte de mim naquele momento. Foi nesse instante que eu percebi que eu não precisava de mais nada em minha vida, somente das minhas lembranças, porque o que eu mais necessitava pra poder morrer feliz não era algo que eu não possuía ainda, era na verdade algo que dinheiro algum podia comprar, eram os momentos de felicidade que eu guardava no meu íntimo. Foi nesse momento que eu me dei conta pela primeira vez de como eu era e fui feliz. E foi nesse instante que eu senti o sopro da morte me levar para o infinito.